segunda-feira, 1 de outubro de 2012

A INCLUSÃO DE CRIANÇA COM SINDROME DE DOWN NA ESCOLA REGULAR


*Daiane dos Santos


INTRODUÇÃO                            

Hoje temos nas escolas a presença de crianças especiais. Essa inclusão não ocorreu da noite para o dia, mas é o resultado de uma luta de muitos e muitos anos.
Dentre os vários tipos de crianças especiais, vamos abordar neste trabalho aquela que é portadora da Síndrome de Down (SD).  Pretendemos identificar as dificuldades que o professor encontra ao trabalhar com o aluno SD e mostrar que é possível sim haver a inclusão.
A criança com SD é muito comum se ver nos bairros, mas não em escolas de ensino regular, porque elas frequentam apenas a “escola especial” ou a APAE. Com a LDB 9394/96 e a Declaração de Salamanca, essas  crianças (como aquelas com qualquer outra deficiência) ganharam o direito de frequentar o ensino regular. Mas o professor nesse novo contexto como fica? Ele que nunca trabalhou com o diferente, apenas com o igual, com o homogêneo. A partir de então, fica claro que cabe ao professor ajustar-se, tornar-se um pesquisador, para conseguir vencer este novo desafio, que é ser o mediador do conhecimento tanto para os alunos “normais”, como para os com Síndrome de Down.
A escola e o professor atualmente têm um grande desafio que é trabalhar com a criança SD, e o professor precisa zelar pelo desenvolvimento social de todos. Isso vai desde os alunos considerados “normais” aprenderem a conviver com a criança SD e esta,  por sua vez,  aprender a conviver com os “normais”. O professor precisará suprir a necessidade de aprendizagem da criança SD, mas sempre respeitando suas limitações e como ele irá trabalhar com todos os alunos.

1. BREVE HISTÓRICO DA SÍNDROME DE DOWN
1.1 A causa clinica.

Acredita-se que exista evidencia de crianças com SD representada na arte antiga, mas foi no século XIX que aconteceu a primeira descrição médica.
Foi o médico John Langdon Down (a Síndrome de Down tem esse nome em homenagem a ele) que descreveu em 1862 a síndrome. Baseando-se  nas “teorias racistas da época, ele atribui a causa a uma degeneração.”  Down acreditava que a causa da síndrome era a tuberculose dos pais. Aconselhava que as pessoas com a síndrome deveriam ser treinadas,  e a resposta ao treinamento era positiva. Muitos pais recebiam a recomendação de entregar seus filhos com síndrome a instituições, que cuidariam delas para sempre.
Até  1961, as crianças com a síndrome eram chamadas de mongoloides, porém essa expressão ganhou um sentido ofensivo e pejorativo e foi banida do meio cientifico. Em 1959,  o medico Jerône Lejeune descobriu que a verdadeira causa da Síndrome de Down é genética.

1.2 O que é Síndrome de Down?

Síndrome de Down é um distúrbio genético causado pela presença de um cromossomo 21 extra, total ou parcialmente.  Isto é, a criança nasce com um cromossomo a mais, ela tem três cromossomos 21, ao invés de dois (como as crianças que não têm a síndrome). Essa trissomia pode ser dos tipos seguintes:
a. Trissomia homogênea ou simples: Na trissomia homogênea, a falha distributiva cromossomática está presente antes da fertilização.  Ocorre durante o desenvolvimento do óvulo ou do espermatozoide, ou ainda na primeira divisão celular, sendo todas as células idênticas, possuindo 47 cromossomos em vez de 46.
b. Trissomia em mosaico:             Ocorre uma duplicação cromossomática nas segunda ou terceira divisões celulares, ou seja, em cada célula existem dois cromossomos, permanecendo uma das células com três cromossomos e a outra apenas com um. O embrião forma-se com uma alteração genética que danifica somente parte da célula. As consequências causadas são tão mais graves quanto mais cedo ocorre à divisão defeituosa. A criança terá no par 21 células normais e trissômicas.
c. Trissomia por translocação:      O portador de translocação tem uma quantidade de genes normal. Mas, apesar do indivíduo possuir os habituais 46 cromossomos, a sua estrutura cromossomática não é a correta, ou seja, parte de um cromossomo está unido à totalidade de um outro, sendo os mais afetados os grupos 13-15 e 21-22.

1.3 Algumas características presentes na criança com Síndrome de Down.
ü  comprometimento intelectual;
ü  achatamento da parte de trás da cabeça;
ü  pele na nuca em excesso;
ü  inclinação das fendas palpebrais;
ü  pequenas dobras de pele no canto interno dos olhos;
ü  língua proeminente;
ü  ponte nasal achatada
ü  boca pequena;
ü  orelhas menores;
ü  mãos e pés pequenos;
ü  baixa estatura corporal;
ü hipotonia muscular generalizada;
ü cabelo liso e fino;
ü aumento de vascularização retiniana
ü defeitos cardíacos.

2 INCLUSÃO OU INTEGRAÇÃO DA CRIANÇA SÍNDROME DE DOWN NA ESCOLA?

Para muitas pessoas, incluir ou integrar é a mesma coisa, mas, na realidade, são ações muito diferentes.
Integrar é: estabelecer normas comuns de vida e aprendizagem entre pessoas. É esperar que o aluno com SD chegue à escola e se adapte a tudo que já existe no ambiente; aprenda como as outras crianças, sem haver qualquer tipo de adaptação.
Incluir é facilitar a convivência saudável entre as pessoas, é permitir que o outro exerça sua cidadania sem ser rotulado.  Para Sá (apud NASCIMENTO, 2009, p. 13),

“inclusão é perceber que todos somos diferentes e é muito mais que respeito ás diferenças é uma questão de cidadania, é buscar um mundo social inspirado na diversidade...” O ato de incluir é o professor, a escola rever práticas, conteúdos e material especifico para que o aluno SD possa ter condições de participar da aula “dentro de suas limitações e potencialidades”.

Incluir é preparar-se para receber o aluno SD. É uma satisfação poder trabalhar e incluir um aluno especial, porque isso nos torna mais cidadãos e humanos.
Inclusão é, pois,  a capacidade de entender e reconhecer o outro, é ter o privilégio de conviver e compartilhar experiências boas ou ruins, é saber que todos nós somos diferentes, e é isso que nos torna especiais.
Temos que levar em consideração que a escola é o melhor lugar para o aluno SD sentir-se parte da sociedade e capaz.

2.1 A escola regular e seu compromisso com o aluno SD.

A escola regular tem um grande dever; esse dever é para com todos os educandos. Porque é na escola que os conhecimentos dos alunos são valorizados e estimulados para se tornarem conhecimentos científicos.
Tanto os alunos como os professores têm objetivos que precisam ser alcançados. Assim é na escola regular que se começa o pensamento critico.
É evidente que a missão da escola é de proporcionar um “bom” convívio social com todos os alunos. O conhecimento na escola é revestido de valores éticos, estéticos e políticos com os  quais os educandos precisam se identificar.
É na escola que tudo começa; isso vai desde um abraço até uma briga. É na instituição de ensino que muitos alunos terão seu primeiro contato com a sociedade, que é muito diferente do aconchego da sua casa, porque existem pessoas diferentes dos pais, irmão, tios, primos e avós. É na escola que o educando começa a ver o mundo de uma forma diferente. Claro que isso só acontecesse quando a escola se empenha em proporcionar experiências para os alunos.
E quando o aluno é diferente?
Aí que mora o perigo, porque as pessoas acham que a criança SD não entende ou não tem noção do que acontece a sua volta Essas pessoas estão enganadas. Porque às vezes a criança não fala, ou tem dificuldade de se expressar, mas isso não significa que ela não entenda o que está ocorrendo..
O aluno com SD tem o direito de vivenciar todas as experiências possíveis que a escola pode proporcionar.
Além disso, a instituição de ensino tem que ensinar os alunos a compartilharem os conhecimentos, emoções e trocarem ideias. O mais importante reconhecer o outro como ser humano, respeitando-o.
Segundo o Ministério da Educação, em seu livro Educação Inclusiva (2005, p. 27),  “A escola comum tem um compromisso primordial e insubstituível: introduzir o aluno no mundo social, cultural e cientifico; e todo ser humano incondicionalmente tem direito a essa introdução.”

2.2 Adaptações Curriculares

Primeiramente, antes de falarmos sobre adaptações curriculares, é importante sabermos o que é currículo?
E segundo o Dicionário de Pedagogia, de Ramiro Marques,

Currículo - Pode ser considerado um plano de estudos de um Curso. Pode, também, designar um conjunto de programas de ensino. Contudo, mais recentemente, a noção de currículo passou a designar o conjunto das aprendizagens propostas e realizadas, tendo em vista alcançar as finalidades de um Curso ou de um plano de formação.

            Em outras palavras, o currículo é o projeto que determina os objetivos da educação escolar e que propõe um plano de ação adequado para a realidade em que a escola está inserida. É claro que deve ser flexível, para que possa adaptar-se à necessidade de seu público-alvo.
            Dessa forma, adaptação curricular são estratégias educativas para facilitar o processo de ensino-aprendizagem de crianças com necessidades educativas especiais (no nosso caso, o aluno com SD). Assim, fica claro que é o corpo docente que pode e deve modificar. Devem também ser alvo de transformações o currículo escolar e os planos de aula, pois só assim será possível acontecer de fato à inclusão. A adaptação curricular se faz necessária, porque é através dela que nos tornaremos capazes de trabalhar com as diferenças.

2.3 O professor está preparado para a inclusão?

Existem muitos professores que têm medo e insegurança em trabalhar com o diferente, porque há muitos anos sempre  trabalhou com alunos ”normais”. E agora? Como trabalhar? O que fazer? Será que vai dar certo?
O medo é natural, porque é algo novo, mas os educadores não podem deixar levar-se por causa do medo. Pelo ao contrario, é hora de partir para cima. É o momento de se tornar pesquisador, buscar informações sobre a SD, observar portador dessa deficiência, porque é o educador que vai auxiliá-lo nas atividades de sala de aula, no intervalo etc.
Muitos professores não se sentem capazes de trabalhar com o aluno SD, mas o que é mais importante, em principio, é que o aluno SD deve ser tratado da forma mais normal possível. Isto é, igual aos outros no tratamento cotidiano, nas broncas, nas responsabilidades com as tarefas e consequências de seus atos; mas, claro, sempre respeitando suas limitações. E se for possível, trabalhar diretamente com o aluno SD, ou seja, sem o auxílio de outra pessoa, uma vez que o trabalho direto, parece-me, facilita o processo. Cabe ao professor decidir quando o aluno SD deve desenvolver alguma atividade sozinha ou em grupo. O professor deve dar importância ao desenvolvimento, considerando::
ü  o equilíbrio;
ü  coordenação dos movimentos;
ü  a estruturação do esquema corporal;
ü  orientação espacial;
ü  a sensibilidade;
ü  hábitos posturais.
Neste momento de inclusão, o professor é muito importante, porque ninguém é maior que o professor neste processo, nem tampouco mais importante, pois a inclusão só acontecerá efetivamente se o professor assim o fizera.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

            Estamos vivendo em um grande momento; para alguns educadores, horrível, para outros, a oportunidade de poder minimizar o preconceito existente nessa sociedade tão egoísta. Cabe à educação cumprir seu papel em relação a tornar “aqueles pequeninos” cidadãos capazes de dar opinião e, acima de tudo, mais humanos. É na escola  que o aluno SD aprenderá a ser um cidadão.
Tudo no inicio é difícil, mas temos, como educadores, de driblar todos os obstáculos. trabalhar juntos, para conseguir colocar em prática o que a Declaração de Salamanca (p. 5) diz: “O principio fundamental da escola inclusiva é o de que todas as crianças devem aprender juntas, sempre que possível, independentemente de quaisquer dificuldades ou diferenças que elas possam ter.”
Dessa forma, faz-se necessário que todos os atores da educação deixem de lado o  preconceito, o medo ou a arrogância, para que se possa trabalhar, vestir a camisa, lançar sementes de amor e respeito ao próximo e lutar para que, num futuro não tão distante,  possamos ver que valeu apena. Independente de erros ou acertos, a escola é a única entidade capaz de incluir qualquer ser humano, seja ele considerado normal ou não, na sociedade.

 REFERÊNCIAS

BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto/Secretaria de Educação Especial.  Educação inclusiva: atendimento educacional especializado para deficiente mental. Brasília: MEC/SEESP, 2005.
MARQUES, Ramiro. Dicionário de Pedagogia. Disponível em: www.pedagogiaaopedaletra.com. Acesso em: 7/9/2012
NASCIMENTO, Marcia M. do. Inclusão social: primeiros passos. Arujá. SP : Giracor, 2009
SÍNDROME de Down. Disponível em www.pt.m .wikipedia.org/wiki/. Acesso em: 27/11/2011.
UNESCO. Declaração de Salamanca e enquadramento de ação: necessidades educativas especiais.  Salamanca, Espanha: Unesco, 1994.


* Daiane dos Santos é aluna do Curso de Pedagogia da Faculdade de Arujá – FAR – e estagiária da Prefeitura de Santa Isabel.