sexta-feira, 7 de junho de 2013

OS CONTOS DE FADAS E A LEITURA NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL I

* Tábata Ferreira de Andrade Matos

1.    PONTO DE PARTIDA

            Em uma sociedade que está em constante mudança, a leitura ocupa um papel primordial para que os cidadãos possam participar de maneira plena no processo de socialização. Como sabemos, comunicamo-nos por meio de textos e saber quando e para que utilizar determinado gênero textual é fundamental em nosso cotidiano.
            Nas séries iniciais, isso deve ser um dos objetivos dos professores; ou seja, levar o aluno a tornar-se um leitor competente, capaz não apenas de decodificar o código linguístico, mas também de interpretar e compreender o que está sendo lido.
            Para tal tarefa, é necessário que os docentes utilizem textos, de preferência, já conhecidos dos alunos..Entre os textos que mais agradam às crianças estão os contos de fadas, gênero textual que, por meio do fantástico e da imaginação, consegue atrair a atenção do aluno; que utilizando temáticas que fazem parte da vida do ser humano (sonhos, medos, carência afetiva, etc.) o ajuda a entender e superar os seus problemas e curiosidades.
            Utilizar os contos de fadas como incentivo à leitura pode ser uma maneira de ajudar os nossos alunos a se tornarem, no futuro, leitores capazes de agir criticamente, competência indispensável para que todo cidadão colabore no aprimoramento da sociedade em que vive..

2. ORIGENS DA LITERATURA INFANTIL
A literatura infantil vai surgir  na literatura indo-europeia (século V a. c), que se caracterizava pela apresentação de elementos fantásticos. As obras mais relevantes desse período foram  Calila e Dimna e Sendebar.               
Séculos mais tarde, essa literatura influenciou, na Idade Média, a literatura popular europeia (novela de cavalaria); esta, por sua vez, foi fonte inspiradora da  literatura Infantil no século XVII. Nesse século, autores como Charles Perrault (1628-1703), Jean de La Fontaine (1621-1695) dão início a uma literatura específica para as crianças, que, até então, compartilhavam as mesmas leituras dos adultos.
A produção literária infantil dessa época tinha como objetivo educar. Por outras palavras apresentava um propósito moralizador, mostrando à criança como se comportar; principalmente com a leitura dos contos de fadas, produzidos por Charles Perrault.
Com a Revolução Industrial, a literatura Infantil, além instrumento pedagógico, passou a ser considerada  como um produto a ser comercializado. A partir daí, surgiram grandes autores, que foram aclamados pelo público infantil do mundo todo.  Entre eles, podemos citar Daniel Defoe (1660-1731),  autor de Robinson Crusoé (1719).
O que mais impressiona os estudiosos nesta área da literatura é que a maioria das obras que hoje são consideradas literatura Infantil foram escritas, na verdade, para adultos, mas que acabaram sendo lidas mais pelo público infanto-juvenil.  Daniel Defoe, por exemplo, escreveu suas obras como uma crítica à sociedade consumista de sua época e como valorização da natureza; porém,  por algum motivo ainda não compreendido, os livros do escritor londrino vieram a se transformar em leitura infanto-juvenil.
No período do Romantismo (século XIX), surgiram os contos dos irmãos Jacob Grimm (1785-1863) e Wilheim Grimm (1786-1859), mais conhecidos apenas como os irmãos Grimm. Eles tinham como objetivo fazer um levantamento linguístico do povo germânico, baseando-se na literatura popular. No entanto, a coletânea de contos reunidos que os irmãos Grimm publicaram logo depois veio a se tornar os contos de fadas lidos pelas crianças até os dias de hoje. Entre os contos mais conhecidos estão: A Bela Adormecida, Chapeuzinho Vermelho, Os Sete Anões e a Branca de Neve, O Pequeno Polegar e A Gata Borralheira.
No Brasil, a literatura Infantil foi assumir características de nossa cultura apenas no período do Pré-Modernismo, com a obra As Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato (1882-1948). O autor utiliza em seu livro elementos do regionalismo e do folclore brasileiros. Antes disso, a literatura Infantil no Brasil se resumia em traduções de obras europeias.

3.  OS CONTOS DE FADAS
Os contos de fadas se destacaram em meio à literatura Infantil e ganharam pequenos leitores do mundo todo, principalmente porque possuem uma estrutura simples, com personagens que ou eram boas ou  más e que, até os dias de hoje, levam as crianças a entenderem a si mesmas.
      Esse gênero textual possui como função a solução de conflitos das personagens. Quase todo conto de fadas apresenta um problema, cuja solução exige o enfrentamento do protagonista..
Os conflitos que constituem o enredo dos contos de fadas prendem a atenção da criança. Esta acaba identificando-se com as personagens. Pode acontecer  também que,  a cada leitura de um mesmo conto, a criança tenha reações diferentes, dependendo muito do seu momento existencial: manifestação de dúvida, carência, curiosidade, etc
Há casos em que os pais sentem certo desconforto ao lerem contos de fadas para seus filhos, pois imaginam que os petizes não estão preparados para determinados finais, que encerram tristeza, morte, etc. A criança não deve, contudo,  ser privada de conhecer e entender esses fatos disfóricos, que fazem  parte da existência humana.

4. OS CONTOS DE FADAS NAS SÉRIES INICIAIS

Em sala de aula, os contos de fadas podem e devem ser utilizado como uma forma de atrair a atenção dos alunos das séries iniciais, pois, como lembra Martins (1989), a criança lê primeiramente por curiosidade e os contos de fadas são textos que, como já dissemos, possuem elementos capazes de levar os alunos dessas séries a adquirir o gosto pela leitura.  Todavia, para que isso seja possível, é preciso que os docentes respeitem as individualidades de seus alunos e explorem os contos de fadas de um modo que venham realmente despertar o interesse e a expectativa de cada criança.
5. EM SÍNTESE

Acreditamos que os contos de fadas podem ser uma maneira de estimular o gosto pela leitura nas séries iniciais. Se trabalhados adequadamente, os contos de fadas não só despertam nas crianças o gosto pela leitura, mas também propiciam condições para a formação de cidadãos críticos e participantes, que, insofismavelmente, auxiliarão – e muito – no processo de aprimoramento da sociedade.

REFERÊNCIAS
ABRAMOVICH, Fanny. Se maravilhando com os contos de fadas. In: Literatura Infantil: gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione,1991.
BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.
COLOMER, Teresa e CAMPS, Anna. Ensinar a ler, ensinar a compreender. Porto Alegre: Artmed, 2002.
DIECKMANN, Hans. Contos de fadas vividos. São Paulo: Paulinas, 1986.
MARTINS, Maria Helena. O que é leitura. 11 ed. São Paulo: Brasiliense: 1989.


* Tábata Ferreira de Andrade Matos é aluna do Curso de Pedagogia da Faculdade de Arujá – FAR.