ESCOLA,
LEITURA E CRIANÇA: UMA BREVE REFLEXÃO
*Vivian Alves Sampaio Santos
Dois temas, entre muitos
outros, devem perpassar as preocupações de todo educador consciente: a leitura
como recurso que leva ao conhecimento e a escola como instituição que instaura
a socialização da criança e serve também de caminho condutor do educando ao saber.
Por isso, estarei, mesmo que maneira sucinta, discorrendo sobre esses dois
temas na linha que seguintes.
1.
OS LABIRINTOS DA LEITURA
A leitura
é parte integrante e essencial na construção singular de cada sujeito. Ela possibilita ao indivíduo, de maneira geral,
a compreensão do mundo que o cerca, permitindo-lhe entender o sentido do que
está lendo, além de potencializá-lo para
que possa fazer uma correlação entre o pensamento ativo e o que está escrito.
Nesta
perspectiva, podemos afirmar que ler é
produzir sentido, é transformar o indivíduo num ser capaz de entender o mundo.
Não é possível haver leitura sem que haja compreensão. Quando a leitura assume essa característica,
tende a desencadear uma série de benefícios psicológicos, intelectuais e
afetivos. Contribui ainda no aprimoramento das
habilidades da fala e da escrita,
assim como na formação de opinião.
Ensinar a ler é colocar em
funcionamento um comportamento ativo de construção do saber motivado por um
projeto consciente, deliberado, que se estende das séries iniciais até o final
da escolaridade. Sabemos que, para o processo de aprendizagem acontecer, é
necessário apoderar-se de três dimensões: a dimensão
afetiva, que está apoiada na experiência vivenciada pela criança; a dimensão ativa, que surge na medida em
que investigamos saberes anteriores e pessoais; e a dimensão cognitiva, que acontece através das atividades de análises
que devem ser constantemente confrontadas. De acordo com essas dimensões,
aprender a ler só é possível lendo e frequentando locais propícios para essa
prática.
A aquisição do gosto pela
leitura não é um ato espontâneo, mas depende de estímulos. É preciso que se
realizem investigações profundas sobre como é possível fazer com
que as crianças, mesmo na Educação Infantil, sejam capazes de desenvolver o
comportamento leitor.
Logicamente descobrimos que tal comportamento é possível
mediante intervenções de educadores, de maneira que estas intervenções estabeleçam
estratégias eficazes no ensino da leitura.
E quando uma criança compreende o que é leitura, percebe a sua utilidade
e manifesta tal entendimento ao manusear o livro, demonstrando curiosidade e
motivando-se para desenvolver a aquisição deste ato cognitivo, pode-se dizer que
ela está se tornando leitora.
.A aprendizagem da leitura é uma atividade que precisa
ser contínua e, de acordo com a intensidade, tende a contribuir para o desenvolvimento
de competências. A criança precisa reconhecer o valor da aprendizagem da
leitura para a sua vida. Este reconhecimento é responsável pelo desenvolvimento
do comportamento leitor, que, por sua vez, permite ao indivíduo perceber a
necessidade de alcançar objetivos nesta leitura, ainda que seja meramente para
conhecer o fim de uma história, obter informação, seguir instruções ou
simplesmente para desenvolver habilidades de leitura para o futuro.
A escola
possui um papel fundamental na difusão da prática e do hábito da leitura. Os
leitores em formação são muito influenciados através de exemplos; por isso, o professor precisa apresentar
objetivos claros, definidos, que se aproximem da realidade na qual as crianças
estão inseridas. Desta forma, conseguir-se-á despertar o prazeroso e necessário
hábito da leitura, fazendo com que as crianças não aprendam apenas a ler, mas
também sejam capazes de expressar sua identidade social e pessoal.
A tarefa da escola é exatamente
facilitar o processo de aquisição do hábito de leitura por meio de estratégias
adequadas, sem perder de vista a realidade da criança. A leitura e a escrita preparam a criança para
receber conceitos e entender significados, pois aprender a ler é aprender a
compreender; ensinar a leitura significa ensinar compreensão.
E ao
estabelecer objetivos para a leitura, devemos contemplar também a reflexão da
criança. Com isso, estaremos levando a criança a uma prática não só cognitiva,
mas também metacognitiva, que será desenvolvida na medida em que estabelecemos
estratégias adequadas de leitura.
Em suma, ao elaborar seu plano de
leitura, o educador precisa atentar-se para a necessidade de desenvolver estratégias
que façam com que a leitura tenha
sentido para a criança; que desperte
nela o prazer, vindo a tornar-se, pouco
a pouco, um hábito.
2. A FUNÇÃO SOCIALIZADORA DA ESCOLA
A escola é uma
instituição socializadora, uma vez que ela permite ao individuo caminhar por um
mundo até então desconhecido para ele. Assim sendo, faz-se necessário pensar na
sua valorização desta instituição, bem como na melhoria de suas condições e de
seus recursos para que os professores desenvolvam seu trabalho com dignidade.
Na verdade, muitas de
nossas escolas não apresentam condições mínimas necessárias para que
desenvolvam o papel que a sociedade espera delas. Diante desse quadro, é preciso pensar em
mudança; é preciso conscientizar todos aqueles que atuam nessas escolas –
gestores, docentes, pais, etc. – no
sentido de transformarem a realidade. Não se pode esquecer de que a escola é
uma instituição que propicia ao individuo melhores condições de vida, sobretudo
aos menos favorecidos.
Encarando a questão por esse modo, faz-se
necessário pensar em algumas propostas inovadoras centradas no professor, que
passa a ser visto como um agente transformador da
sociedade, como um formador de opinião. Por outras palavras, um profissional de
suma importância na caminhada do educando na busca do conhecimento. O professor
desempenha, portanto, um papel social de fundamental valor..
O
professor deve ser reconhecido como um profissional capaz de concorrer
para mudanças no educando com o qual
trabalha e no meio em se insere.. O bom educador sempre acompanha a
dinâmica da sociedade, buscando inovar suas atitudes e comportamentos. Procura
sempre estar a par das mudanças, para que possa realizar seu trabalho da melhor
maneira possível.
Seu objetivo é levar o aluno a
aprender e a entender que o conhecimento é construído também coletivamente.
Nessa interação, todas as partes se beneficiam: aprendem e compartilham o conhecimento
aprendido.
O professor deve estabelecer uma conexão entre
os conteúdos do currículo escolar e realidade de seu cotidiano. Deve exercer o
papel de mediador no processo de ensino/aprendizagem. Sua missão é criar
condições para que o educando chegue gradativamente ao conhecimento.
Em suma, devemos enxergar a instituição
escolar não como um lugar fechado, mas sim como um local que muito contribui para
a socialização do individuo. Um lugar onde a aprendizagem ocorre de forma
livre, motivada pela paixão pela aprendizagem, pelo conhecimento. E o professor
como profissional responsável pelo bom desenvolvimento da escola e, como tal,
livre do dirigismo de ideologias de
segmentos sociais cujos interesses nada têm a ver com o processo educativo.
REFERÊNCIAS
HERNANDES, Fernando. Transgressão e mudança na educação: os
projetos de trabalho. Trad. de Jussara Aubert Rodrigues. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1998.
JOLIBERT, Joset. Formando crianças leitoras. Porto
Alegre: Ates Médicas, 1994.
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Vivian Alves Sampaio Santos é aluna de Pedagogia da Faculdade de Arujá - FAR