sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

               ESCOLA, LEITURA E CRIANÇA: UMA BREVE REFLEXÃO

*Vivian Alves Sampaio Santos

         Dois temas, entre muitos outros, devem perpassar as preocupações de todo educador consciente: a leitura como recurso que leva ao conhecimento e a escola como instituição que instaura a socialização da criança e serve também de caminho condutor do educando ao saber. Por isso, estarei, mesmo que maneira sucinta, discorrendo sobre esses dois temas na linha que seguintes.
1.  OS LABIRINTOS DA LEITURA
              A leitura é parte integrante e essencial na construção singular de cada sujeito.  Ela possibilita ao indivíduo, de maneira geral, a compreensão do mundo que o cerca, permitindo-lhe entender o sentido do que está lendo,  além de potencializá-lo para que possa fazer uma correlação entre o pensamento ativo e o que está escrito.
            Nesta perspectiva, podemos afirmar que ler é produzir sentido, é transformar o indivíduo num ser capaz de entender o mundo. Não é possível haver leitura sem que haja compreensão.  Quando a leitura assume essa característica, tende a desencadear uma série de benefícios psicológicos, intelectuais e afetivos. Contribui ainda no aprimoramento das  habilidades da fala  e da escrita, assim como na formação de opinião.
            Ensinar a ler é colocar em funcionamento um comportamento ativo de construção do saber motivado por um projeto consciente, deliberado, que se estende das séries iniciais até o final da escolaridade. Sabemos que, para o processo de aprendizagem acontecer, é necessário apoderar-se de três dimensões: a dimensão afetiva, que está apoiada na experiência vivenciada pela criança; a dimensão ativa, que surge na medida em que investigamos saberes anteriores e pessoais; e a dimensão cognitiva, que acontece através das atividades de análises que devem ser constantemente confrontadas. De acordo com essas dimensões, aprender a ler só é possível lendo e frequentando locais propícios para essa prática.
 A aquisição do gosto pela leitura não é um ato espontâneo, mas depende de estímulos. É preciso que se realizem investigações profundas sobre como é possível fazer com que as crianças, mesmo na Educação Infantil, sejam capazes de desenvolver o comportamento leitor.
Logicamente descobrimos que tal comportamento é possível mediante intervenções de educadores, de maneira que estas intervenções estabeleçam estratégias eficazes no ensino da leitura.  E quando uma criança compreende o que é leitura, percebe a sua utilidade e manifesta tal entendimento ao manusear o livro, demonstrando curiosidade e motivando-se para desenvolver a aquisição deste ato cognitivo, pode-se dizer que ela está se tornando leitora.
.A aprendizagem da leitura é uma atividade que precisa ser contínua e, de acordo com a intensidade, tende a contribuir para o desenvolvimento de competências. A criança precisa reconhecer o valor da aprendizagem da leitura para a sua vida. Este reconhecimento é responsável pelo desenvolvimento do comportamento leitor, que, por sua vez, permite ao indivíduo perceber a necessidade de alcançar objetivos nesta leitura, ainda que seja meramente para conhecer o fim de uma história, obter informação, seguir instruções ou simplesmente para desenvolver habilidades de leitura para o futuro.
A escola possui um papel fundamental na difusão da prática e do hábito da leitura. Os leitores em formação são muito influenciados através de exemplos;  por isso, o professor precisa apresentar objetivos claros, definidos, que se aproximem da realidade na qual as crianças estão inseridas. Desta forma, conseguir-se-á despertar o prazeroso e necessário hábito da leitura, fazendo com que as crianças não aprendam apenas a ler, mas também sejam capazes de expressar sua identidade social e pessoal.
            A tarefa da escola é exatamente facilitar o processo de aquisição do hábito de leitura por meio de estratégias adequadas, sem perder de vista a realidade da criança.  A leitura e a escrita preparam a criança para receber conceitos e entender significados, pois aprender a ler é aprender a compreender; ensinar a leitura significa ensinar compreensão.
            E ao estabelecer objetivos para a leitura, devemos contemplar também a reflexão da criança. Com isso, estaremos levando a criança a uma prática não só cognitiva, mas também metacognitiva, que será desenvolvida na medida em que estabelecemos estratégias adequadas de leitura.
            Em suma, ao elaborar seu plano de leitura, o educador precisa atentar-se para a necessidade de desenvolver estratégias que façam com que  a leitura tenha sentido para a criança; que  desperte nela  o prazer, vindo a tornar-se, pouco a pouco, um hábito.


2.  A FUNÇÃO SOCIALIZADORA DA ESCOLA
A escola é uma instituição socializadora, uma vez que ela permite ao individuo caminhar por um mundo até então desconhecido para ele. Assim sendo, faz-se necessário pensar na sua valorização desta instituição, bem como na melhoria de suas condições e de seus recursos para que os professores desenvolvam seu trabalho com dignidade.
Na verdade, muitas de nossas escolas não apresentam condições mínimas necessárias para que desenvolvam o papel que a sociedade espera delas.  Diante desse quadro, é preciso pensar em mudança; é preciso conscientizar todos aqueles que atuam nessas escolas – gestores, docentes, pais,  etc. – no sentido de transformarem a realidade. Não se pode esquecer de que a escola é uma instituição que propicia ao individuo melhores condições de vida, sobretudo aos menos favorecidos.
 Encarando a questão por esse modo, faz-se necessário pensar em algumas propostas inovadoras centradas no professor, que passa a ser visto como um agente transformador da sociedade, como um formador de opinião. Por outras palavras, um profissional de suma importância na caminhada do educando na busca do conhecimento. O professor desempenha, portanto, um papel social de fundamental valor..  
            O professor deve ser reconhecido como um profissional capaz de concorrer para  mudanças no educando com o qual trabalha e no meio em se insere.. O bom educador sempre acompanha a dinâmica da sociedade, buscando inovar suas atitudes e comportamentos. Procura sempre estar a par das mudanças, para que possa realizar seu trabalho da melhor maneira possível.  
            Seu objetivo é levar o aluno a aprender e a entender que o conhecimento é construído também coletivamente. Nessa interação, todas as partes se beneficiam: aprendem e compartilham o conhecimento aprendido.
             O professor deve estabelecer uma conexão entre os conteúdos do currículo escolar e realidade de seu cotidiano. Deve exercer o papel de mediador no processo de ensino/aprendizagem. Sua missão é criar condições para que o educando chegue gradativamente ao conhecimento.
Em suma, devemos enxergar a instituição escolar não como um lugar fechado, mas sim como um local que muito contribui para a socialização do individuo. Um lugar onde a aprendizagem ocorre de forma livre, motivada pela paixão pela aprendizagem, pelo conhecimento. E o professor como profissional responsável pelo bom desenvolvimento da escola e, como tal, livre do dirigismo  de ideologias de segmentos sociais cujos interesses nada têm a ver com o processo educativo.

REFERÊNCIAS
HERNANDES, Fernando. Transgressão e mudança na educação: os projetos de trabalho. Trad. de Jussara Aubert Rodrigues. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
JOLIBERT, Joset. Formando crianças leitoras. Porto Alegre: Ates Médicas, 1994.



* Vivian Alves Sampaio Santos é aluna de Pedagogia da Faculdade de Arujá - FAR