*Daiane dos Santos
INTRODUÇÃO
Hoje temos nas escolas a
presença de crianças especiais. Essa inclusão não ocorreu da noite para o dia,
mas é o resultado de uma luta de muitos e muitos anos.
Dentre os vários tipos de
crianças especiais, vamos abordar neste trabalho aquela que é portadora da
Síndrome de Down (SD). Pretendemos identificar
as dificuldades que o professor encontra ao trabalhar com o aluno SD e mostrar
que é possível sim haver a inclusão.
A criança com SD é muito
comum se ver nos bairros, mas não em escolas de ensino regular, porque elas
frequentam apenas a “escola especial” ou a APAE. Com a LDB 9394/96 e a
Declaração de Salamanca, essas crianças
(como aquelas com qualquer outra deficiência) ganharam o direito de frequentar
o ensino regular. Mas o professor nesse novo contexto como fica? Ele que nunca
trabalhou com o diferente, apenas com o igual, com o homogêneo. A partir de
então, fica claro que cabe ao professor ajustar-se, tornar-se um pesquisador,
para conseguir vencer este novo desafio, que é ser o mediador do conhecimento
tanto para os alunos “normais”, como para os com Síndrome de Down.
A escola e o professor
atualmente têm um grande desafio que é trabalhar com a criança SD, e o
professor precisa zelar pelo desenvolvimento social de todos. Isso vai desde os
alunos considerados “normais” aprenderem a conviver com a criança SD e esta, por sua vez, aprender a conviver com os “normais”. O
professor precisará suprir a necessidade de aprendizagem da criança SD, mas
sempre respeitando suas limitações e como ele irá trabalhar com todos os
alunos.
1. BREVE HISTÓRICO DA SÍNDROME DE DOWN
1.1 A causa clinica.
Acredita-se que exista
evidencia de crianças com SD representada na arte antiga, mas foi no século XIX
que aconteceu a primeira descrição médica.
Foi o médico John Langdon Down
(a Síndrome de Down tem esse nome em homenagem a ele) que descreveu em 1862 a síndrome.
Baseando-se nas “teorias racistas da
época, ele atribui a causa a uma degeneração.”
Down acreditava que a causa da síndrome era a tuberculose dos pais. Aconselhava
que as pessoas com a síndrome deveriam ser treinadas, e a resposta ao treinamento era positiva.
Muitos pais recebiam a recomendação de entregar seus filhos com síndrome a
instituições, que cuidariam delas para sempre.
Até 1961, as crianças com a síndrome eram chamadas
de mongoloides, porém essa expressão ganhou um sentido ofensivo e pejorativo e
foi banida do meio cientifico. Em 1959, o medico Jerône Lejeune descobriu que a
verdadeira causa da Síndrome de Down é genética.
1.2 O que é Síndrome
de Down?
Síndrome de Down é um
distúrbio genético causado pela presença de um cromossomo 21 extra, total ou
parcialmente. Isto é, a criança nasce
com um cromossomo a mais, ela tem três cromossomos 21, ao invés de dois (como
as crianças que não têm a síndrome). Essa trissomia pode ser dos tipos
seguintes:
a. Trissomia homogênea ou simples: Na trissomia homogênea, a falha distributiva
cromossomática está presente antes da fertilização. Ocorre durante o desenvolvimento do óvulo ou
do espermatozoide, ou ainda na primeira divisão celular, sendo todas as células
idênticas, possuindo 47 cromossomos em vez de 46.
b. Trissomia em mosaico: Ocorre uma duplicação cromossomática
nas segunda ou terceira divisões celulares, ou seja, em cada célula existem
dois cromossomos, permanecendo uma das células com três cromossomos e a outra
apenas com um. O embrião forma-se com uma alteração genética que danifica somente
parte da célula. As consequências causadas são tão mais graves quanto mais cedo
ocorre à divisão defeituosa. A criança terá no par 21 células normais e trissômicas.
c. Trissomia por translocação: O
portador de translocação tem uma quantidade de genes normal. Mas, apesar do
indivíduo possuir os habituais 46 cromossomos, a sua estrutura cromossomática
não é a correta, ou seja, parte de um cromossomo está unido à totalidade de um
outro, sendo os mais afetados os grupos 13-15 e 21-22.
1.3 Algumas
características presentes na criança com Síndrome de Down.
ü comprometimento intelectual;
ü achatamento da parte de trás da cabeça;
ü pele na nuca em excesso;
ü inclinação das fendas palpebrais;
ü pequenas dobras de pele no canto interno dos olhos;
ü língua proeminente;
ü ponte nasal achatada
ü boca pequena;
ü orelhas menores;
ü mãos e pés pequenos;
ü baixa estatura corporal;
ü hipotonia muscular generalizada;
ü cabelo liso e fino;
ü aumento de vascularização retiniana
ü defeitos cardíacos.
2 INCLUSÃO OU
INTEGRAÇÃO DA CRIANÇA SÍNDROME DE DOWN NA ESCOLA?
Para muitas pessoas, incluir
ou integrar é a mesma coisa, mas, na realidade, são ações muito diferentes.
Integrar é: estabelecer
normas comuns de vida e aprendizagem entre pessoas. É esperar que o aluno com
SD chegue à escola e se adapte a tudo que já existe no ambiente; aprenda como
as outras crianças, sem haver qualquer tipo de adaptação.
Incluir é facilitar a
convivência saudável entre as pessoas, é permitir que o outro exerça sua
cidadania sem ser rotulado. Para Sá (apud
NASCIMENTO, 2009, p. 13),
“inclusão é perceber que todos somos diferentes e é muito
mais que respeito ás diferenças é uma questão de cidadania, é buscar um mundo
social inspirado na diversidade...” O ato de incluir é o professor, a escola
rever práticas, conteúdos e material especifico para que o aluno SD possa ter
condições de participar da aula “dentro de suas limitações e potencialidades”.
Incluir é preparar-se para
receber o aluno SD. É uma satisfação poder trabalhar e incluir um aluno
especial, porque isso nos torna mais cidadãos e humanos.
Inclusão é, pois, a capacidade de entender e reconhecer o outro,
é ter o privilégio de conviver e compartilhar experiências boas ou ruins, é
saber que todos nós somos diferentes, e é isso que nos torna especiais.
Temos que levar em
consideração que a escola é o melhor lugar para o aluno SD sentir-se parte da
sociedade e capaz.
2.1 A escola regular
e seu compromisso com o aluno SD.
A escola regular tem um grande
dever; esse dever é para com todos os educandos. Porque é na escola que os
conhecimentos dos alunos são valorizados e estimulados para se tornarem
conhecimentos científicos.
Tanto os alunos como os
professores têm objetivos que precisam ser alcançados. Assim é na escola
regular que se começa o pensamento critico.
É evidente que a missão da
escola é de proporcionar um “bom” convívio social com todos os alunos. O
conhecimento na escola é revestido de valores éticos, estéticos e políticos com
os quais os educandos precisam se
identificar.
É na escola que tudo começa;
isso vai desde um abraço até uma briga. É na instituição de ensino que muitos
alunos terão seu primeiro contato com a sociedade, que é muito diferente do
aconchego da sua casa, porque existem pessoas diferentes dos pais, irmão, tios,
primos e avós. É na escola que o educando começa a ver o mundo de uma forma
diferente. Claro que isso só acontecesse quando a escola se empenha em proporcionar
experiências para os alunos.
E quando o aluno é
diferente?
Aí que mora o perigo, porque
as pessoas acham que a criança SD não entende ou não tem noção do que acontece
a sua volta Essas pessoas estão enganadas. Porque às vezes a criança não fala,
ou tem dificuldade de se expressar, mas isso não significa que ela não entenda
o que está ocorrendo..
O aluno com SD tem o direito
de vivenciar todas as experiências possíveis que a escola pode proporcionar.
Além disso, a instituição de
ensino tem que ensinar os alunos a compartilharem os conhecimentos, emoções e
trocarem ideias. O mais importante reconhecer o outro como ser humano,
respeitando-o.
Segundo o Ministério da
Educação, em seu livro Educação
Inclusiva (2005, p. 27), “A escola
comum tem um compromisso primordial e insubstituível: introduzir o aluno no
mundo social, cultural e cientifico; e todo ser humano incondicionalmente tem
direito a essa introdução.”
2.2 Adaptações
Curriculares
Primeiramente, antes de
falarmos sobre adaptações curriculares, é importante sabermos o que é
currículo?
E segundo o Dicionário de
Pedagogia, de Ramiro Marques,
“Currículo - Pode ser considerado um plano de estudos de um Curso. Pode,
também, designar um conjunto de programas de ensino. Contudo, mais
recentemente, a noção de currículo passou a designar o conjunto das
aprendizagens propostas e realizadas, tendo em vista alcançar as finalidades de
um Curso ou de um plano de formação.
Em outras palavras, o currículo é o projeto que determina os
objetivos da educação escolar e que propõe um plano de ação adequado para a
realidade em que a escola está inserida. É claro que deve ser flexível, para
que possa adaptar-se à necessidade de seu público-alvo.
Dessa forma, adaptação curricular são estratégias educativas para
facilitar o processo de ensino-aprendizagem de crianças com necessidades
educativas especiais (no nosso caso, o aluno com SD). Assim, fica claro que é o
corpo docente que pode e deve modificar. Devem também ser alvo de
transformações o currículo escolar e os planos de aula, pois só assim será
possível acontecer de fato à inclusão. A adaptação curricular se faz necessária, porque é através dela que
nos tornaremos capazes de trabalhar com as diferenças.
2.3 O professor está
preparado para a inclusão?
Existem muitos professores que
têm medo e insegurança em trabalhar com o diferente, porque há muitos anos
sempre trabalhou com alunos ”normais”. E
agora? Como trabalhar? O que fazer? Será que vai dar certo?
O medo é natural, porque é
algo novo, mas os educadores não podem deixar levar-se por causa do medo. Pelo
ao contrario, é hora de partir para cima. É o momento de se tornar
pesquisador, buscar informações sobre a SD, observar portador dessa deficiência,
porque é o educador que vai auxiliá-lo nas atividades de sala de aula, no
intervalo etc.
Muitos professores não se
sentem capazes de trabalhar com o aluno SD, mas o que é mais importante, em
principio, é que o aluno SD deve ser tratado da forma mais normal possível. Isto
é, igual aos outros no tratamento cotidiano, nas broncas, nas responsabilidades
com as tarefas e consequências de seus atos; mas, claro, sempre respeitando
suas limitações. E se for possível, trabalhar diretamente com o aluno SD, ou
seja, sem o auxílio de outra pessoa, uma vez que o trabalho direto, parece-me,
facilita o processo. Cabe ao professor decidir quando o aluno SD deve desenvolver
alguma atividade sozinha ou em grupo. O professor deve dar importância ao
desenvolvimento, considerando::
ü o equilíbrio;
ü coordenação dos movimentos;
ü a estruturação do esquema corporal;
ü orientação espacial;
ü a sensibilidade;
ü hábitos posturais.
Neste momento de inclusão, o
professor é muito importante, porque ninguém é maior que o professor neste
processo, nem tampouco mais importante, pois a inclusão só acontecerá
efetivamente se o professor assim o fizera.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Estamos vivendo
em um grande momento; para alguns educadores, horrível, para outros, a
oportunidade de poder minimizar o preconceito existente nessa sociedade tão
egoísta. Cabe à educação cumprir seu papel em relação a tornar “aqueles
pequeninos” cidadãos capazes de dar opinião e, acima de tudo, mais humanos. É
na escola que o aluno SD aprenderá a ser
um cidadão.
Tudo no inicio é difícil, mas temos, como
educadores, de driblar todos os
obstáculos. trabalhar juntos, para conseguir colocar em prática o que a Declaração
de Salamanca (p. 5) diz: “O principio fundamental da escola inclusiva é o de que todas as crianças
devem aprender juntas, sempre que possível, independentemente de quaisquer
dificuldades ou diferenças que elas possam ter.”
Dessa forma, faz-se
necessário que todos os atores da educação deixem de lado o preconceito, o medo ou a arrogância, para que
se possa trabalhar, vestir a camisa,
lançar sementes de amor e respeito ao próximo e lutar para que, num futuro não
tão distante, possamos ver que valeu
apena. Independente de erros ou acertos, a escola é a única entidade capaz de
incluir qualquer ser humano, seja ele considerado normal ou não, na sociedade.
REFERÊNCIAS
BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto/Secretaria de
Educação Especial. Educação inclusiva: atendimento educacional especializado para
deficiente mental. Brasília: MEC/SEESP, 2005.
MARQUES, Ramiro. Dicionário
de Pedagogia. Disponível em: www.pedagogiaaopedaletra.com. Acesso em: 7/9/2012
NASCIMENTO, Marcia
M. do. Inclusão social: primeiros passos. Arujá. SP : Giracor,
2009
SÍNDROME de Down.
Disponível em www.pt.m .wikipedia.org/wiki/. Acesso em:
27/11/2011.
UNESCO. Declaração de Salamanca e
enquadramento de ação: necessidades
educativas especiais. Salamanca,
Espanha: Unesco, 1994.
* Daiane dos Santos
é aluna do Curso de Pedagogia da Faculdade de Arujá – FAR – e estagiária da
Prefeitura de Santa Isabel.
Nossa que texto bacana! me ajudou muito !!!
ResponderExcluir